Lc
6..17-19
A
necessidade do toque de Jesus.
Este texto nos fala de uma das coisas mais urgentes em
nossos dias. O toque de Deus em nossas vidas. "E todos da multidão
procuravam tocá-lo, porque dele saia poder; e curava todos" (Lc 6.19).
Este texto fala de Jesus sendo experimentado, vivenciado pelas pessoas que o
seguiam.
A Bíblia sempre tenta-nos mostrar este lado do Evangelho.
A
experiência de Deus não é algo cartesiano, que se apreende pela lógica, mas é
algo tangível, sensório, palpável.
Estar com Jesus não significa apenas
aprender seu conteúdo, mas receber sua ministração de poder. "Dele sai
poder". Oh, como estamos distantes desta realidade em nossa experiência
cristã nestes dias.
Durante os dias da Cruzada Estudantil e Profissional para
Cristo, estudamos reiteradas vezes o conceito de Fé:
Fé era descrito como uma
locomotiva que possuía dois vagões: Emoção e razão. Mas nenhum destes vagões
era capaz de andar sem a experiência da fé. Fé, ainda que não prescinda da
razão, não pode ser reduzido ao elemento radio ou a qualquer substancia química
que se leva a um laboratório e prova sua autenticidade.
Fé não é algo para ser
escrutinado pela experiência cientifica.
Da mesma forma quanto a emoção. Fé não
é emoção. Emoção é um dos elementos da fé, mas não é a essência da fé. Ter fé
em Jesus não é apenas ter uma sensação, ou um calafrio. Contudo, assim como
podemos sentir o vento, sem vê-lo, tão se move misteriosamente entre seu povo e
na história dos homens. A fé deve guiar tanto a razão quanto a emoção.
Nos evangelhos vemos registrada esta maravilhosa verdade que
Jesus tocava as pessoas. Por que Jesus as toca? "E todos da
multidão procuravam tocá-lo, porque dele saia poder; e curava todos"
(Lc 6.19).
O texto nos registra não apenas que o toque de Jesus era
desejado pelas pessoas, mas que seu toca transmitia energia, transformação,
vida, restauração. "dele saia poder" (Lc 6.19).
Este poder tinha um
efeito transformador na vida das pessoas. O contacto com Jesus trazia cura.
Nada é mais urgente em nossos dias que este maravilhoso toque de Jesus em
nossas vidas. Seu poder pode transformar nossa história, nossa perspectiva de
vida, nossa visão acerca de nós mesmos.
Ele pode romper com estruturas, vícios,
relações patológicas que cultivamos em nossa vida, amarras da alma, da
consciência, dos relacionamentos que queremos romper mas infelizmente não
encontramos força para resistir.
Precisamos de poder para vivermos de forma
plena.
Em 1988, ainda pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana de Brasília,
visitei um rapaz, assessor do então ministro da Educação, Hugo Napoleão, que
foi impactado com este poder maravilhoso de Jesus. Já fazia três dias que não
conseguia parar de chorar, um choro irresistível de paz, de refrigério.
Mas ele
estava se sentindo ainda ameaçado com aquilo, afinal de contas, perdera o
controle sobre suas emoções, e ele se julgava tão seguro de si.
O que era o seu
poder diante de um poder tão impressionante quanto o poder de Jesus?
Os efeitos deste toque
A Bíblia nos mostra a necessidade de sermos tocados por
Jesus. Este poder libera vida, graça, plenitude. Vejamos alguns destes efeitos
narrados no evangelho.
1.
O toque de Jesus
altera nossa forma de ver e viver.
Tanto
no AT como no NT, vemos sempre Deus tocando a vida das pessoas. Um destes
homens que foram tocados de forma maravilhosa por Deus foi Jacó, quando se
defrontou com Deus, face a face no vale de jaboque (Gn 32). Ali Deus desmascara
Jacó, mostra quem ele era (Jacó significa suplantador), e dá-lhe um novo novo
(Israel: Príncipe de Deus). O toque de Deus na vida de Jacó o transforma num
outro homem. Muda sua natureza caída, seu caráter frágil, transforma sua forma
de ser e agir. Em tempos de ética tão relativizada, precisamos de Deus para
fortalecer nosso caráter. Muitos estão perdendo seu casamento, sua moral,
afastando-se de Deus. Sabem o que fazer, mas não tem o poder para fazer aquilo
que Deus deseja deles. O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo o
que crê. O Evangelho nos capacita a sermos aquilo que não conseguiremos ser por
nós mesmos. O toque de Jesus altera nossa forma de ser e viver.
2.
O Evangelho também é
restaurador, traz cura –
Não apenas de
caráter, mas cura física. Varias vezes vemos Jesus tocando pessoas para
trazer-lhes restauração.
· Lc 5.13 – O leproso: "se quiseres,
podes..."
· LC 8.46 – A mulher hemorrágica:
"se eu apenas lhe tocar as vestes..."
· Lc 13.13 – A mulher encurvada:
"Jesus lhe impõe as mãos"
· Mt 4.23-25 nos afirma que Jesus curava
as pessoas doentes fisicamente "varias enfermidades, paralíticos",
gente com doença da mente "lunáticos" e pessoas com doenças
espirituais: "atormentadas de espíritos malignos". O toque de Jesus
pode curar-nos. "E todos da multidão procuravam tocá-lo, porque dele saia
poder; e curava todos" (Lc 6.19).
3.
O toque de Jesus move
nosso coração a Deus –
Tentamos levar pessoas ao
conhecimento de Jesus, muitos gostariam de crer, mas parecem não conseguir. O
que acontece? Precisam de um toque de Jesus. Só o toque de Cristo tem a
capacidade de nos convencer interiormente da validade de sua mensagem.
Precisamos de seu toque para termos nosso coração modificado pela sua graça.
" dele saia poder" (Lc 6.19).
Atitudes
perigosas em relação a este poder –
Apesar da
importância e da urgência deste toque, muitas pessoas nunca são tocadas por
Deus. Algumas delas ouvem a mensagem de Deus, convivem com a comunidade cristã,
mas o Evangelho não as impacta, não as transforma, não as aproxima de Deus.
Porquê? Por causa de nossa atitude para com o Evangelho e o seu poder.
(a) Não preciso do toque de Jesus -
Esta é uma das primeiras razões!
Pessoas incapazes de reconhecer o grande perigo espiritual que correm. São
pessoas cheias de auto suficiência, como enfermos que acreditam não precisar de
médicos. Em Abril 2004, um fato chamou a atenção da imprensa. Um gênio do
futebol mundial, o argentino Maradona, foi internado num hospital em estado
grave por causa de uma overdose de cocaína, substancia na qual é viciado.
Depois de muito esforço, os médicos conseguiram restaurar sua vida que esteve
por um triz. Maradona evadiu-se do hospital, e as famílias resolveram tomar uma
atitude dura: Obrigá-lo a fazer um tratamento. Isto porque, ele simplesmente
não vê a necessidade de tratamento, não consegue ter a dimensão de seu mal, e
não quer ajuda. Pessoas agem também assim com suas vidas espirituais. Assim
como a igreja de Laodiceia que tinha uma falsa visão de si mesma, achava-se
rica, abastada, e que não precisava de coisa alguma, e Deus afirma que ele era
pobre, cega, nu e miserável. Que contraste entre a forma como ela se vê e Deus
a vê!
(b)
Incredulidade quanto
ao poder de Jesus –
São pessoas que, por alguma razao, não conseguem crer que Deus pode intervir em suas vidas. Deus parece ter aposentado: fazia mas não faz mal. Agia mas não age mais. Curava, mas não cura mais. Intervinha, mas não intervem mais. Isto é resultado do secularismo. O que me assusta é que a incredulidade esteja tão presente nas nossas vidas, e dentro da igreja de Cristo. Um dos maiores problemas de meu próprio coração é a incapacidade de crer, "tudo quanto os profetas disseram". Tudo quanto a Biblia registra.
São pessoas que, por alguma razao, não conseguem crer que Deus pode intervir em suas vidas. Deus parece ter aposentado: fazia mas não faz mal. Agia mas não age mais. Curava, mas não cura mais. Intervinha, mas não intervem mais. Isto é resultado do secularismo. O que me assusta é que a incredulidade esteja tão presente nas nossas vidas, e dentro da igreja de Cristo. Um dos maiores problemas de meu próprio coração é a incapacidade de crer, "tudo quanto os profetas disseram". Tudo quanto a Biblia registra.
Alguns anos atrás pastoreei a igreja da Gávea, no Rio de
Janeiro, e uma mulher muito querida, com uma enfermidade que se arrastava já
por algum tempo me procurou, depois de percorrer várias clinicas especializadas
no São Paulo e Rio (ela mesma é uma médica), e me disse: "pastor, vamos
orar, porque eu tenho certeza de que Deus pode me curar".
Aquela convicção
dela me perturbou. Orei timidamente, me referindo mais à fé daquela irmã do que
a minha própria capacidade de crer.
No domingo, ela me procura, com seu rosto
radiante, e misteriosa como sempre me disse: "não lhe falei? Olha aqui o
meu braço". E mostrou sua pele, sem mancha, testemunhando do amor de Deus.
Estou contando isto não para demonstrar que sou um homem de
poder, porque como viram, esta oração revela a minha profunda incredulidade.
Mas para trazer a tona o fato de que somos uma geração incrédula.
O povo de
Deus sempre teve dificuldade em crer. A geração que mais presenciou milagres na
Bíblia, em suas andanças pelo deserto, foi um dos povos mais incrédulos e
rebeldes quanto ao poder de Deus.
Milagres não são suficientes para gerar fé em
nossas almas.
No NT, vemos a mesma incredulidade presente: vemos a
incredulidade dos discípulos quanto a ressurreição: não acreditaram nas
mulheres; os discípulos no caminho de Emaús não acreditaram nas Escrituras,
Dídimo duvidou da veracidade do relato de seus companheiros no colégio
apostólico. Incredulidade. "Oh geração incrédula, até quando vos sofrerei"
(Mc 9.32).
Nossa atitude secularizada, nos impede de ver que céus e
terra se tocam. Que o nosso Deus é um Deus vivo, um Deus que pode tocar nossas
vidas, nosso caráter, nosso casamento, nossos filhos, nossos pais, nossa
história e fazer a sua obra de forma esplêndida. Esta atitude é diferente desta
que encontramos registrada nos Evangelhos "E todos da multidão procuravam
tocá-lo " (Lc 6.19).
Tocavam nele "porque dele saia poder", e
porque criam nesta possibilidade da sobrenaturalidade de Jesus, eram curados.
Nossa geração, que se julga sofisticada, e assume uma atitude de superioridade
quanto às coisas sagradas, vai experimentando a dor de termos um poder tão
maravilhoso disponível, mas viver de forma tão adoecida e empobrecida,
simplesmente porque não crêem na disponibilidade deste poder e não se aproximam
deste poder para ser curada.
Nesta noite, gostaria de orar por você. Você que está aqui
ouvindo esta mensagem, e que sente a necessidade de ser tocado por Jesus.
Pode
ser que sejam problemas crônicos, que vem se arrastando anos a fios, obsessões
e compulsões que o tornam prisioneiro. "Jesus é o mesmo ontem, hoje e o
será para sempre"(Hb 13.8).
E ele convida todos os cansados e
sobrecarregados para virem a ele, para serem tocados por ele.
Em nome de Jesus, levante-se de seu lugar e siga em frente!
Samuel Vieira
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